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LIDANDO COM A IRA

Por: Melanie Borges

“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.” (Romanos 7.18-20)

Inspirei este estudo em um texto de Thiago Grulha, que citarei mais tarde. Neste texto ele conta um momento de ira em que ele desejou que suas mãos se tornassem pedras para acertar a janela de um ônibus que não parou para ele. Confesso que já me senti assim em várias situações.

Mas, muitas vezes, o que o mundo espera dos crentes é que sejam pacíficos e passivos a toda ofensa ou situação que possa despertar a ira. A ira é vista como algo ruim, como um pecado em sim mesma. O fato é que a ira não é um ato, é um sentimento, como a alegria, a tristeza, a ansiedade.

O pecado está nas consequências da ira. Vejam o que o apóstolo Paulo fala em Efésios 4.26: “Irai-vos e não pequeis.” A ira não é proibida. Ela acontece naturalmente, de acordo com James Dobson, é uma reação natural de defesa diante de algo que nos agride de alguma forma. Mas vejam como o próprio versículo aponta que a reação à ira pode ser pensada: “Irai-vos e (um espaço para pensar) não pequeis.”

É importante que sempre nos lembremos disso, porque, como bem lembra Tiago em sua carta, “a ira do homem não produz a justiça de Deus” (1.20). Sendo assim, como reagir à ira? James Dobson, no livro ‘Emoções: pode-se confiar nelas?’ mostra algumas soluções (1998, p. 87, 88):

· Fazer da irritação um assunto de oração;

· Explicar o sentimento negativo a uma terceira pessoa madura e compreensiva que possa nos dar conselho e guiar;

· Ir ao ofensor, demonstrando um espírito de amor e perdão;

· Entender que Deus muitas vezes permite que os eventos mais frustrantes e perturbadores ocorram de tal modo a nos ensinar a paciência e nos ajudar a crescer;

· Dar-nos conta de que nenhuma ofensa feita por uma outra pessoa pode ser comparar à nossa culpa diante de Deus, que no entanto, nos perdoou; será que não somos obrigados a demonstrar esta mesma misericórdia aos outros?

Não podemos colocar Deus como um agente da nossa ira, embora a Bíblia afirme que a Ele pertence a vingança (Romanos 12.19). Devemos dar lugar em nós ao caráter justo e santo de Deus. Nos irar é natural, mas podemos evitar o pecar em consequência da ira. Para terminar, cito um trecho do texto que me inspirou, “Transformando mãos em pedras” de Thiago Grulha (encontrado em http://www.thiagogrulha.com.br/?p=39) :

“Refleti que há instantes em que queremos (ou eu quero) transformar Deus em uma pedra. Queremos que Ele vá até onde não podemos ir e acabe com aqueles com quem não podemos acabar. Que ele traga dor ao coração daqueles que nos trouxeram dor. Que Ele tire as coisas que nós não conseguimos tirar daqueles que achamos que não merecem ter.

O evangelho precisa me transformar. Precisa mudar a íris de meus olhos e o rumo das minhas emoções e idéias. O evangelho precisa me ensinar a como reagir com esperança e gratidão diante das muitas facetas da existência.

Enquanto o Deus que criamos em nossa mente for apenas uma extensão de nós Ele não passará de uma pedra quebrando a janela de tudo aquilo que ignorou nosso gesto e nos deixou para trás.

Deus é santo e não ambicioso e materialista. Deus é bom e não vingativo e iracundo. Deus é generoso e não avarento e egoísta. Deus é justo e não parcial e interesseiro. Deus é pacífico e não violento e rixoso. Deus é paciente e não opressor e insensível. Deus é o “Eu sou” e não um ser sem auto-estima e vulnerável a qualquer oposição ou crítica. Deus jamais poderá ser nossa extensão porque as coisas que gostaríamos que ELE fizesse, porque não conseguimos realizá-las, são coisas que para nós são importantes e urgentes, mas não passam de inutilidades e vaidades.

Muito mais do que poder, nós precisamos viver o amor.Quando decidimos ser pessoas amáveis, a vida não é obrigada a fazer com que isso seja fácil para nós. A nossa decisão de amar não impedirá que o mundo continue um caos. Mas se buscarmos honrar esta decisão, talvez, antes de dormir, ao invés de pedir que Deus transforme tuas mãos em pedra, você pedirá que ELE transforme tuas tristezas, feridas, iras e mágoas em orações. E ao invés de ferir quem te feriu, você irá interceder por ele e perceberá que esta será tua própria cura.”

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